sexta-feira, junho 30, 2006

A Espera



(foto by L. Carvalho)

Cheguei…no silêncio da tarde,
Despida de pensamentos... distante das palavras…

Páro na areia de pés descalços…e de olhos no horizonte…

Espero …serenamente a tua despedida…
Aguardo que o teu calor
e o teu brilho se apaguem nas águas que te espelham…

Despede-te do céu…amanhã é novo dia…
Entrega-te…
Liberta a lua e convida as estrelas…

Quero sonhar…

domingo, junho 25, 2006

O RISO

(foto by Lu)

“Só quem se sente seguro da estima que merece tem…auto-estima. Só ri quem se entrega ao que sente e aos outros ao mesmo tempo (e sem medo de se descontrolar sempre que se solta e “dança” com o que sente). Rir não é, portanto, uma palhaçada (no sentido de um exercício, mais ou menos estéril, de macaquices…). Muito menos é humor muitos metros de asneiras por quilómetro quadrado. Rimos do que não percebemos ou do que nos suscita medo…Só ri de sorriso rasgado quem consegue ser verdadeiro. Daí que a estima estimule o humor. (Afinal, o humor é um “ar” errante do nosso coração. Mas só são capazes desse lado errante quem sabe que nunca se perde).
Mas se “ quem ri sem saber de quê ou é tolo ou quem o vê”, já o riso como uma alavanca para o pensamento é um exercício - inteligente e bondoso – de empatia que alimenta…a auto-estima. Quem toma o riso como uma janela de sonho ri como forma de olhar com ternura para as suas ingenuidades, ri como sátira da atitude dos outros diante das quais se sente mais esclarecido (e…muitas vezes, melhor) ou ri procurando consertar a mágoa. Estas três formas de rir separam o rir inteligente, que nos aproxima dos outros e os cativa, do riso de desdém ou de arrogância, que os intimida e afasta.
O rir inteligente e bondoso só está ao alcance de quem se comove. No sentido de comover…
Por outras palavras…só as pessoas que se comovem são capazes de rir…”
(Eduardo Sá - "Chega-te a mim e deixa-te estar")

quinta-feira, junho 22, 2006


SEGUE O TEU DESTINO

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam

(Ricardo Reis)

quarta-feira, junho 14, 2006

O Principezinho


"Andando, o principezinho encontrou um jardim cheio de rosas. Contemplou-as...eram todas iguais à sua flor.E deitado na relva, ele chorou...E foi então que apareceu a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Que quer dizer "cativar" ?
- É uma coisa muito esquecida. Significa criar laços...Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. Eu não tenho necessidade de ti e tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas se tu me cativas, teremos necessidade um do outro. Serás para mim, único no mundo. E eu serei para ti, única no mundo. Minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. O teu passo me chamará para fora da toca, como se fosse música. A gente só conhece bem as coisas que cativou.
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal- entendidos. Cada dia te sentarás mais perto...Se tu vens por exemplo, às quatro da tarde, desde às três, eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar...a gente corre o risco de chorar um pouco, quando se deixou cativar. E acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua, é a única no mundo. É simples, o segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos. Foi o tempo que perdeste com tua rosa, que fez tua rosa tão importante. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar...
" Os homens do teu planeta, disse o principezinho, cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim...e nunca encontram o que procuram...E no entanto, o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa, ou num pouquinho d'água...Mas os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração..."

(Antoine De Saint- Exupéry)
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